E ela estava ali, de novo.
Madrugada, de novo.
Olhos cerrados, de novo.
Pensamentos embaralhados, de novo.
E no meio de toda aquela gente dançando, flertando, se beijando, se olhando, de olhos fechados, cheiros, perfumes doces, cigarros, vodkas, cervejas, vestidos, cabelos e bocas, Alice sentia pontadas na cabeça. Era um corpo físico dando sinais de desgaste.
E ela ali, de novo. Com gente conhecida e com um mundo, vasto mundo, de gente igual. Igual a todas as gentes de todas as noitadas. Gente igual. Mulheres de plástico com cara de cera e homens voluptos exalando testosterona na barba semi serrada e no coçar do saco.
Madrugada, de novo. Tudo lhe parecia muito fácil e muito fútil. Nada era novo nem atraente. Apesar da música boa, do teclado esplendoroso, do baixo sedutor e da guitarra leve.
Olhos cerrados, de novo. Como a noite lhe cegava, lhe tapava as vistas como se tirasse as lentes de contato e precisasse do esforço de enxergar, além de ver.
Pensamentos embaralhados, de novo. Mas a mesma certeza, a única. Embreagada pelas drogas da vida se fazia mais interessante e descolada. Um cigarro na mão, um drinque na outra e um charme na face.