Designer by Luiz Cotta

Alice e sua Sombra

Alice não é Ágata.
Alice não é Renata, Débora, Aline, Ana e muito menos Carolina.
Alice não é bailarina, professora de forró, santa ou indulgente.
Alice é só Alice mesmo. E mais nada.
Por enquanto...

sábado, 31 de janeiro de 2009

Alice e sua embriaguez




E ela estava ali, de novo.
Madrugada, de novo.
Olhos cerrados, de novo.
Pensamentos embaralhados, de novo.


E no meio de toda aquela gente dançando, flertando, se beijando, se olhando, de olhos fechados, cheiros, perfumes doces, cigarros, vodkas, cervejas, vestidos, cabelos e bocas, Alice sentia pontadas na cabeça. Era um corpo físico dando sinais de desgaste.
E ela ali, de novo. Com gente conhecida e com um mundo, vasto mundo, de gente igual. Igual a todas as gentes de todas as noitadas. Gente igual. Mulheres de plástico com cara de cera e homens voluptos exalando testosterona na barba semi serrada e no coçar do saco.
Madrugada, de novo. Tudo lhe parecia muito fácil e muito fútil. Nada era novo nem atraente. Apesar da música boa, do teclado esplendoroso, do baixo sedutor e da guitarra leve.
Olhos cerrados, de novo. Como a noite lhe cegava, lhe tapava as vistas como se tirasse as lentes de contato e precisasse do esforço de enxergar, além de ver.
Pensamentos embaralhados, de novo. Mas a mesma certeza, a única. Embreagada pelas drogas da vida se fazia mais interessante e descolada. Um cigarro na mão, um drinque na outra e um charme na face.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Alice e a carta que nunca enviou



Como posso sentir tanto a sua falta se nem mesmo me lembro do seu cheiro?
Como posso achar que te amo se nem mesmo sei se foi paixão, desesejo ou loucura?
Ainda quero me jogar na sua enorme cama branca e dormir sob seu olhar protetor.
Ainda quero fazer vídeos da minha bebedeira que você curava com sexo e água de côco.
Ainda quero conversar sentada no vaso enquanto você tomava banho e falávamos que tínhamos que comprar papel higiênico.
Ainda quero ouvir todas as suas citações bíblicas e todas as frases notórias de Platão que justificava vários momentos.
Ainda quero comprar havaianas em Macacos.
Ainda quero que você escolha as minhas roupas e me vista como sua Barbie.
Quero voltar à Angola e à Maceió com você e não pensar em mais nada.
Mas penso que você, agora, pode nem mesmo lembrar da mulher da janela, das peças de Jorge Fernando, do Juquinha e seus amigos, dos passeios de domingo à tarde, dos filmes bobos que eu te obrigava a assistir, das guerras de cosquinha e pela briga milenar das músicas do computador. E talvez também não se lembre do meu cheiro e nem mesmo do meu jeito doce de me deixar dominar quando queria fazer sexo no sofá.
Mas não importa, também, meu amor. Porque nós dois, você e eu, existimos num outro tempo.
E agora, neste tempo, não cabemos mais. Não juntos.
Com amor, ódio e saudade.
Alice

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Alice e mais uma merda de Alice

Mais uma, Alice. Mais uma merda...
Depois que furou o pneu do carro de Monaliza, viajou e recebeu olhares indevidos, ficou no meio do fogo cruzado num shopping center, quase perdeu sua cachorra e levou um caldo legítimo de medo do mar, Alice vem fazendo coisas estranhas. Coisas merda.
E não sabe, Alice, como sair do curral de espinhos que lhe laça as mãos e dilacera o coração.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Alice e sua amiga Monaliza

"Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu." Hoje é um desses dias de "Roda Viva" para Monaliza... Nunca em sua recente vida teve tanta tranqueira para resolver. Sua mãe brigou com seu irmão, seu namorado quer andar de bicicleta, seu carro está com o cano furado, o site do cara para quem ela trabalha está pendente no Google, esqueceu o celular em casa e nesse momento uma assistente de marketing resolve fazer biquinho...
Com licença para o "francês" de Monaliza, mas: Excuse the f* out of me.

Parênteses: Quando as pessoas usam linguagem chula diz isso; acusa os franceses. Foi mal!
Confesso que Monaliza anda muito chata mesmo. Vamos suspender a cerveja!!!!!!!! Monaliza sofre de ressaca de telejornal. Ver TV faz mal; está intochicada. Na verdade, acho que ela está sobrendo de um outro tipo de ressaca, aquela que impossibilita querer levantar da cama. Aquela que impossibilita ouvir o despertador. Aquela que impossibilita pensar nas próximas 10h. Aquela que, apenas, te possibilita ativar o botão "soneca".
Por Monaliza, melhor amiga de Alice

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Alice e sua máscara

Depois daquele sorriso falso que lhe foi dirigido, Alice voltou a pensar se era ou não bem vinda ali.
Odiava aqueles sorrisos, especialmente aqueles que, sem pudor, lhe diziam claramente tratar-se de falsidade ds dentes. Nem se dava ao trabalho de dissimular.
Para suportar, então, por dias de labuta aquele sentimento horroroso, restava-lhe a cara de paisagem (máscara de "não estou vendo"), tão odiosa quanto o sorriso falso.
E ela colocaria aquela máscara todos os dias, por todo o tempo, enquanto estivesse por ali.
Como manda o figurino.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Alice e sua dúvida

E Alice fica na dúvida em dias assim, chuvosos com sol e arco-íris. Sente-se estranha em dias que não se definem, dias em que não se sabe o que usar, chinelos de dedo ou scarpins.

Alice não gosta de não saber o que calçar. Não gosta de não saber o que vestir. Não gosta de ficar duvidosa se vai ou não vingar. Se vai ou não dar tudo certo. Se vai ou não mudar o rumo, trocar de canal, sair do circo e viver a vida real.

Alice, em dias assim, em tempos assim, prefere se ausentar.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Alice e sua busca

E Alice, em busca de novas oportunidaes no Circo (porque sera a mulher faca não lhe tras grandes benefícios além da amigdalite e faringite),não se contenta com os "Não.", "Talvez" e "Quem sabe" que vem recendo...
Começa e cogitar o "Cirque de Soleir".
Tem esperanças...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Alice e seu lar



Tomar banho e não sentir-se completamente limpa enquanto seu quarto fedia a desinfetante já não lhe era mais novidade. Não era algo que estranhava.
Alice pensava, agora, é em outra coisa. Ela que não era mais menina e, por fim, crescia, matutava sobre como era necessário sair de casa para descansar. Ficar por perto era angustiante e perturbador. Como, a cada dia, sentia-se mais estranha naquele ninho. E como aprendera a morar num lugar que lhe limitava em tudo, desde em sua liberdade até na sua bagunça.
Alice nunca era a primeira a ver sua correspondência, nunca achava suas gavetas como tinha deixado, nunca era dona de suas roupas ou sapatos. E seus cabides eram contados, assim como seus passos, sempre aquém de suas necessidades.
Escondia o que queria só pra ela. Jogava fora o que não poderia esconder. Aquilo não era o que lhe diziam chamar-se Home Swet Home. Ela sentia como se fosse prisioneira e foragida ali dentro e das pessoas dali de dentro.
Agora ela pensava era se existisse algum motivo religioso, energético, kármico, ateu ou outro qualquer para aquilo tudo, que haveria de ser grande. Porque começava a compreender que SOBREVIVER assim, a todo tipo de barreira imaginária, à liberdade falsária, ao grande irmão e suas teletelas, ao controle rígido de seus sentimentos e sua constante garganta entalada com nós de desabafo que nunca vinha à tona, era algo que ia além de sua compreensão.
Era como nas histórias infantis com príncipes encantados. Presa e criminosa, desgostosa, cara-a-cara com a perfeição, sempre inútil, porém bela, agardava o final feliz, após vinte e tantos anos escondida de si mesma.
Só não entendia se isso que lhe era claro agora era novidade ou se somente mais uma manifestação (agora, porém, mais objetiva e óbvia) de que aquela convivência "familiar" uma hora ou outra, e em breve, tinha que deixar de existir.
Isso fazia Alice chorar no escuro sozinha. E seu maior medo era estar moldada e acabar por fazer a mesma coisa.
Se já não o estivesse fazendo...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Alice e ele

Não.
Alice não é Ágata.
Alice não é Renata, Débora, Aline, Ana e muito menos Carolina.
Alice não é bailarina, professora de forró, santa ou indulgente.
Alice é só Alice mesmo. E mais nada. Por enquanto...
E depois daquela noite estonteante, Alice desabafou:
Disse, veementemente, que Ele eram Dois.
Tinha um Ele que ela amava estonteantemente, pelo qual largaria tudo pra viver na Espanha, perdoria tudo, inclusive... um filho... Ele era O GRANDE AMOR DA SUA VIDA!
E tinha outro Ele. Um Ele louco, devastador da sua alma, herói malvado das sua tragédias, um inútil, pra jogar fora no lixo. E ainda diria QUE NUNCA MAIS QUERIA VÊ-LO DE NOVO NA SUA FRENTE.
O problema, para Alice, é que os dois Ele´s aconteciam juntos. E o tempo todo. No mesmo lugar.
- O cara que ela AMA e que mandaria TOMAR NO CU, agora.
Este desabafo de Alice, então, nada mais é sua simples e crua realidade do que pensar d'Ele. O Ele que ela prefere. Ou gostaria de preferir.
Então, depois da noite estonteante, Alice não era Ágata. Alice não era Renata, Débora, Aline, Ana e muito menos Carolina.
Era só Alice desesperada por um viver ambíguo e antagônico. E "tava osso", ela reclamava para seu umbigo ou para o umbigo dos outros. Porque este é o tipo de reclamação de umbigo.
Ela só queia dormir em paz. Sozinha por ora. Porque todos os outros que a habitaram neste tempo de agora, não a satisfizeram. Ela fingia. Porque só Ele (inteiro e não repartido) a fazia gozar sem vergonha de (sua Sombra).
E Alice NÃO AGUENTAVA MAIS FINGIR GOZADAS. Queria mesmo é fazer amor.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Alice e o esmalte vermelho

Alice já não queria mais pintar suas unhas de vermelho.

Será que Ele não entende isso? Será que não entende nada?

É simples. Cansou. Nada de unhas vermelhas mais.

Pode ser rosa, branca, amarela, verde, xadrez, de bolinhas, não interessa. Mas unhas vermelhas ela não quer mais. E pronto. Fim de papo. Fim da linha.

Ela já sabe que quem tem que tirar o esmalte não é Ele. Tem que ser Alice.

Mas será que Ele não entende? Ela não consegue... Acha que não consegue mais.

O que Ele deve achar?, ela pensa...

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Alice e o circo

Cansada da sua vidinha ridícula de trabalho escravo que nada tem haver com ela, Alice resolveu que quer deixar tudo pra tras.
Depois da tentativa de suicídio de ontem, porém, Alice resolveu que NÃO QUER DIZER NADA.
Apenas um comentário válido somente pra ela mesma: Alice quer largar tudo e trabalhar no circo. Só.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Alice e o vazio

E pra preencher aquele vazio intermitente, Alice (e sua Sombra) foram dar uma volta. Saíram pela porta sem olhar pra tras. Andaram sem olhar pra frente.
Desembestadas, não sabiam o que fazer. Só a Sombra repetia "de novo, Alice?" nos ouvidos atônitos e cansados do 'de novo' que tanto lhe era presente.
Alice fugia o tempo todo, em vão, daquela mancha, onde quer que fosse, ouvesse ou não, sol. Mas não lhe sobrava tempo, perspicácia, atenção ou qualquer coisa que valha, para que Alice entendesse. Que aquela entre parênteses era tão somente ELA refletida nos seus caminhos e lhe dizendo coisas que ela mesma jamais diria.
Na incerteza, então, compraram um pote de sorvete e foram-se embora. Ainda sem olhar pra frente. Ou para tras.

Alice e a vozinha

E hoje ela acordou, de novo, com uma ressaca moral imensurável e uma vontade enorme de auto mutilar-se. Hoje sua cabeça doía, seu pescoço doía, sua boca sentia sede, seu cabelo fedia a cigarro, sua unha queimada, dedos amarelados, estômago gritando dentro dela e aquela vozinha “você precisa de se cuidar melhor, não?”. E aquela vozinha sempre tinha razão, qualquer coisa que dissesse. Era sempre certo, cabido em todas as circunstâncias de todas as suas constâncias.
Isso era o pior daquela tremenda desidratação do corpo e da alma: A vozinha que insistia em perguntar: “de novo, Alice?”

Janela da alma... E sombra.

Janela da alma... E sombra.

Quem?

O que disse Richard Pekny