E há, hão, tempos loucos e completamente desconexos, um do outro, outros de si mesmos e de todos os tempos que são, ou não, cronológicos, contados, calculados, mensuráveis, intransponíveis, EM TEMPO.
São estes os intragáveis ao paladar seco dos seus quase vinte cinco anos? Ou são apenas inocentes em relação ao gosto de amora que desce lagoa doce licor de rock'n roll alto-baixo e audível somente a um ou dois espaços de ouvidos? Quais tempos seriam reais, então, se não todos, algum, nenhum?
Do alto dos saltos de suas changlas de palha que se arrastam intermitentemente pela sala de estar e, por ora, do quarto de hóspedes da sua própria residência, todos parecem desvairados e inconseqüentes. Mas todos fazem o mais absoluto sentido do ponto de vista que os escolhe ver. É que tem o tempo da artista de malabares circences, o tempo da que paga as contas do cartão de credito, o tempo da que lê madrugada afora seus Sabino's e o tempo que não tem de quem ser, por não pertencer a ninguém que não a si própria em seus devaneios, EM TEMPO.
E deste tempo faz-se amarga, suave como o vinho da mesa, o aberto, meio tomado, de meia taça vazia e outra metade cheia, faz-se outra, faz-se ego ou alter de si. Faz-se, já disseram, anárquica. Também faz de si a menina pequenina interrompida por outra que lhe clama "oi", "estou aqui", "colo", "me dá?". São vozes diferentes a cada olhar, a cada escolha de tempo, a cada cronologia sem hora pra contar. Faz-se eterna em alma de cria-ação.
E, de tempos A tempos, há tempos se sente, se constrói, se mente, se vale em verdade, se pulsa e entrelaça. Fia-se nos buracos de tecido sem pano de costura que imagina, que borbulha, que tampa, que escurece, clareia cada linha do rio que surta psicótica-mente em mente, psicotrópica nos levados de uma agulha que nem sempre se vai para onde se faz ir.
E, EM TEMPOs, é assim que se transcorre em meio ao todo que nem tempo deve ter, imagina-se. É de réplicas inventadas, ousadas invenções de quanto (s) que vai levando-se ao criar-recriar-se, transformar-se, pensar-se SER. Assim ou assado. Cru. Nu. Sempre novo e de-novo. É assim, é "de assim" que se é história pra não morrer, pra não perder audácia do temor, pra não deixar-se a si perdida que pensa, espera, inova, pára e continua. Pois há de sempre continuar-se, de tempo em tempo, de agulha em costura, de pano em vento, de buraco em vazio. Pura se vai, inventando louca e insanamente. Vai-se.
Sempre.
Sempre vai-se.
São tempos, tempos, Alice. Se é que tempo existe, é que sobrevive-se, Alice.