Ela não sabia do que tinha saudades.
Se dele, se dela quando estava com ele, se dos dois ou se, ainda, da imagem bonita que formavam juntos.
Ela também sentia-se tão livre, que de tamanha liberdade, sentia-se perdida. Era muito espaço, era muito o que fazer. Era pouco direcionamento. Afinal de contas... O que se faz numa sexta-feira à noite? O que faria ela, Alice, na próxima sexta sem ele? O que ela costumava fazer antes do seu coração ser arrematado pelo amor dele? E agora, o que iria fazer?
Mas tinha saudades. Do tempo em que gostava dos afagos, da embriaguez dos cheiros misturados na hora de fazer amor, do olhar que lhe adentrava n'alma, do calor do seu corpo quando lhe falava besteiras ao pé do ouvido. Sentia saudades disso que, ao mesmo tempo em que era distante em unidade de momento, era como se tivesse recebido aquele último beijo ontem. Queria mais.
E sobre a liberdade, que atrevida ela! Ousava lhe dar bochechas rubras quando tinha coragem de viver qualquer coisa nova, mesmo que um simples olhar de banda. Liberdade que lhe enchia os pulmões de ar, que lhe dava sensação de vida nova, de sabores novos, de experimentação. Coisa que ela não tinha coragem de tocar, isso de experimentar.
Ainda apegada ao gosto, não se permitia nada de novo pra saborear por ter a certeza de que não ia gostar.
O que mais lhe tirava o sono é que ela não sabia do que tinha saudades. Se dele, se dela quando estava com ele, se dos dois ou se, ainda, da imagem bonita que formavam juntos, ou se da história que ela imaginava para eles. Como num conto de fadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Quem falou aí?