Designer by Luiz Cotta

Alice e sua Sombra

Alice não é Ágata.
Alice não é Renata, Débora, Aline, Ana e muito menos Carolina.
Alice não é bailarina, professora de forró, santa ou indulgente.
Alice é só Alice mesmo. E mais nada.
Por enquanto...

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Alice Eufórica

E essa euforia doida de viver com urgência cada intensidade da vida a deixava um pouco tensa.
Andava se jogando em qualquer cavalo branco que passasse fazendo-se de intrigante. Comprava coisas, corria para andar mais rápido na BR congestionada e ficar parada era quase a morte. Chegava a doer.

Alice estava muito. Muito em tudo. Muito forte, muito dura, exagerada, metendo o pé nas pedras do caminho, sem mandar notícias de nada!

Vendia alegria com sorrisos, permutava prazeres e dançava imprimindo sensualidade simplesmente para o seu bel prazer, cobrava favores ora prometidos.

Se era só um desespero em viver, uma angústia tapada com acontecimentos extremos, ah, isso Alice não sabia. Mas ia como um trem desenfreado, desbravando as selvas da vida, perdendo medos, realizando sonhos, sentindo gostos, experimentando coisas e sensações e ela não podia desacelerar! Ufa! Dizia coisas, peralta em seus gestos e movimentos tanto desastrados quanto minuciosos. Estava o tempo todo em êxtase, buscando o máximo, andando rápido pra chegar num lugar que nunca era o fim. Não tinha medo e adrenalina corria por entre os dedos. Ia.

Alice olhava é falava daquela lua linda daquele céu imenso, mas tinha parado de olhar pela janela. Queria todas as estradas, tinha fome de todos os cheiros, mas também persistia em uma certa nostalgia do que já tinha sido que guardava numa gaveta qualquer do criado mudo e ia embora. Sempre ia embora.


Embalava grandes planos e não cumpria nenhum, ia conhecendo gente e não quietava nunca. Comia e nunca saciava a fome que era um buraco sem fim dentro dela. Por mais insano que parecesse, para ela, naquele momento, parar era deixar de existir. Doía forte na alma e no peito. Não podia deixar de correr, e correria até saber para onde ir.

Janela da alma... E sombra.

Janela da alma... E sombra.

Quem?

O que disse Richard Pekny