Alice: porque se for pra começar tudo de novo...

Se for pra começar tudo de novo...

Vou arrumar minha mala porque amanhã é segunda-feira. E segundas, apesar de serem segundas, são dias de começar a fazer dieta, voltar pra academia, fazer acupuntura... Dia de prorrogar idéias... Então melhor nem arrumar mala e começar hoje mesmo. Dia de domingo. Poderia ser terça, quinta... Mas é que domingo é agora.

Se for pra começar tudo de novo eu diria que queria mais sorrisos. E mais música. E mais estrada, mais viagens, mais horizontes.

Gostaria de menos gritos. Gritos me incomodam profundamente.

Queria mais tempo. Queria que meu esmalte não descascasse tanto. Queria outro cabelo. Queria menos dor nas costas. Queria mais dinheiro, menos energia imposta em coisas que pouco me importam. Aliás, queria me importar menos. Fazer mais, glamouriar de menos. Fazer mais amor e menos sexo. Mais gratidão e menos perdão.

Gostaria que o sol rachasse a moleira e pudesse ficar descalça num jardim verde com flores coloridas. Queria ter mais espaço. Espaço físico, espaço no coração, especo imaginário. Queria mais espaço para plantas e passarinhos fazerem ninho. Mais espaço pra fazer nada também.

Queria não ter tido o que tive, que foi mais que precisava. Queria menos raiva, mais respeito, menos preconceito. Queria não fumar. Queria a proibição dos scarpins pretos. Menos pobreza, menos infartos do miocárdio, mais água de côco!

Pra mim

queria começar do zero: perder uns quilos, cortar e pintar as madeixas, colocar silicone, chapar a barriga, fazer aula de samba, ser de uma família abonada, não fazer parte da podre classe média, ter que me esforçar mais para minhas conquistas, menos auto piedade, mais disposição, menos cordão umbilical, mais coragem, mais disposição, menos medo, mais estima.

Para o mundo

PEACE! Comida. Escola. Dinheiro. Criança. Muita criança. Tempo quente. Piquenique, pano xadrez, borboletas, árvores centenárias. E trabalho. E mais gente que entende que “efêmero” é ridículo quando se quer expressar CONHECIMENTO e cultura. Diga: “seja bem vindo” que já basta.

Cordialidade, atenção, cuidado, solidariedade. Menos revistas de salão de beleza, mais partos de cócoras, menos remedinhos para depressão, mais liberdade pra dento da cabeça e mais casas no campo.

E para todos os corações

um amor que não dôa, que não sufoque e não largue mão. Um canto, uma almofada, jardim de bonsai, fotos coloridas e outras preto no branco.

Um completo mundo de utopias! Se for pra sonhar alto, sonha direito! Quer ser grande como gente grande? UTOPIA com planejamento e um tiquinho de risco de dar tudo errado no meio e certo no final. UTOPIA assim.

Pra quem me lê

queria que estivesse lendo isso tudo aqui num livro de capa dura, deitada no sofá. Daqueles que ganhou de aniversário de uma grande amiga que não acredita que ainda não conhece esta tal da Alice que já ta na 15° edição!