Em tempos da internet das coisas, da inteligência artificial, da automatização de quase tudo, ela achou tão linda a possibilidade de ter sua bicicleta em estilo retrô que não pensou duas vezes! Colocou logo a cestinha de vime, o assento de couro com três molas, pedais em alumínio e uma buzina fofa. Parecia com aquela sua segunda bicicleta, uma azul que seus pais compraram e trocaram pela primeira, aquela toda no estilo militar, que escolhera aos três anos. Na época não tinha gostado da troca. Hoje, se via voltando a um passado distante e, em conversa com seu pai no telefone, se viu dizer que o mais legal era deixar o carro em casa e colocar a mochila na cestinha junto às flores colhidas no caminho de pedras enquanto pedalava para o trabalho.
Haveria quem a achasse louca. Mas essa era a parte que não mudava. Pelo menos seria uma louca consciente. Emitiria menos gases, andaria sempre à direita como havia aprendido desde menina. Sim, faria uso das luzes quando do entardecer. E, no caso de uma parada habitual para um vinho, não haveria problema com bafômetro. Estava feliz. Não era de esportes. Mas era de ser diferente. E era de ser só dela.
Ajeitou girassóis na cesta, aprontou a mochila, calçou uma sapatilha e foi. Aquilo de se desconectar era bom. Buzinou. E sorriu.
Lhe faltariam rodinhas?
quarta-feira, 31 de outubro de 2018
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Janela da alma... E sombra.

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