Precisava exalar aquela
energia toda tão desconcertante. Vinha em formato de angustias, choros, aflições,
alegrias e, enfim, saudades.
É que, na verdade, a
única live de que participou foi a do
seu próprio show, ao som de uma playlist dos anos 90, cantou e dançou para seu
gato. Foi admiravelmente ignorada.
Fez velas aromáticas,
doces de travessa, sabonete líquido, lasanha de cogumelos, cestos de vime, diy´s
diversos com corda de sisal. Já tinha cortado os cabelos com apoio do espelho. Não
sabia mais onde estavam os cadarços do tênis de corrida. Também não procurou.
Percebeu: a quanto
tempo não passava um perfume! Era estar em si inclusive no cheiro bom de
nostalgia. Experimente cheirar o próprio braço. Vai perceber em si um cheiro
bom de estar.
Quando o tempo parou
nela. “Prela” ficar nela. Reparar o rumo. Acertar o leme. Popa. Proa.
Andava cansada de ficar
indignada. Mas tão cansada que preferia alimentar seus próprios contentos.
Continuar
vivendo, só que em silêncio. Ninguém precisava atesta-la. Estava ali. No
momento em que os segundos eram enormes e os dias esvaiam sutilmente. Tão
sutilmente que, se observasse com atenção, “botando bastante reparo”, poderia
ver o tic-tac do tempo passar, a olhos vistos.
Melhor orientar a sua
concentração, estado permanente de centralização em si.
Ordinário?
Perceber-se
casa, acolhida de jornada: Saber-se sua própria matéria prima!
E,
vez em quando, se admirava: “Tem gente que insiste em gostar da gente mesmo quando
não damos motivos. O que essas pessoas veem na gente? Ah! Certamente a
gente deveria ver também”.
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