Depois de tudo, era a chave quebrada no buraco da fechadura, o box do banheiro fora do lugar e um lugar ao sol onde pudesse colocar o coração para um descanso que lhe tirava por vezes o ar. E era um armário sem ordem, uma louça pra lavar, um pedido de desculpas e uma vontade de colo que nunca ousou lhe faltar. Era um banho refrescante com aquele sabonete novo, a gaveta emperrada a arrumar. Alice vagava entre os pensamentos "fazer nada" e "por onde começar". Essa faxina d'alma era coisa que só depois de tanta água lavada ficava possível tratar. Alice inventou de arrumar as escadas e se livrou daquele curto circuito que vazava fumaça pelo lustre do quarto. Colocou as roupas sujas pra lavar e tratou do coração parar de esperar. Mudou a decoração, usou taças novas, trocou de ano e de cabelo. Escutou fogos de artifício pela primeira vez e viu como era linda a sensação do peito vibrar. Trocou as fotos do mural, deu uma ajeitada nos livros, tomou um gole da taça de vinho e um trago do seu talvez último cigarro. Olhou praquele mundão cheio de estradas a atalhos e resolveu que chegava de ficar parada no mesmo lugar. E foi. Decidido ir por qualquer canto. Na porta deixou um recado simples dizendo FUI. E foi sem olhar pra trás.
quarta-feira, 1 de janeiro de 2014
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Janela da alma... E sombra.

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